sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

THALES PASSOU NO VESTIBULAR DE MEDICINA

 Quando conheci o Thales ele tinha apenas 9 anos. O menino já demonstrava habilidades que até o então, já em passados 20 anos na carreira de professor, eu havia visto com raridade. A capacidade fotográfica de memorização era um atributo incomparável. Declamava poemas com uma simplicidade infantil, porém com uma capacidade magistral. Eram minutos e o poema já estava na sua memória. Chegava nos lugares e encantava. Quando terminava de recitar, seus olhos grandes pareciam que iriam saltar da fronte, tamanha era a alegria ao ver as pessoas admiradas absurdamente o elogiarem. Foram vários saraus, foram muitas apresentações em aniversários de avós, tios, primos, amigos. Momentos mais acadêmicos como feira do livro, apresentação de obras literárias e lá estava o Thales, às vezes sendo muito mais apreciado e elogiado que o autor. O menininho dos olhos arregalados verdadeiramente dava um show. Há um poema que para mim era ele sendo ele, sabe aquela coisa de parecer que o eu-poético encontrou a persona? O poema quando declamado por ele demonstrava o menino em sua autenticidade, parecia um diálogo de criança com o seu imaginário na tentativa de responder o que significa "ser". O poema tem como título IDENTIDADE e foi escrito por Pedro Bandeira. Seguem os versos: 

Às vezes nem eu mesmo
sei quem sou.
às vezes sou.
"o meu queridinho",
às vezes sou
"moleque malcriado".
Para mim
tem vezes que eu sou rei,
herói voador,
caubói lutador,
jogador campeão.
às vezes sou pulga,
sou mosca também,
que voa e se esconde
de medo e vergonha.
Às vezes eu sou Hércules,
Sansão vencedor,
peito de aço
goleador!
Mas o que importa
o que pensam de mim?
Eu sou quem sou,
eu sou eu,
sou assim,
sou menino.

Alguns anos se passaram, convivi todos esses com o Thales, hoje ele está com 19. Pude ver nele os últimos e versos do poema todos os dias, ele é autêntico, uma pessoa simples e leve para conviver.  O "eu sou quem sou" ele viveu de verdade todos esses anos. Porém de um tempo pra cá resolver "ser" médico. Foram 6 anos incansáveis. Dias e noites, finais de semana integrais de estudo. Comecei a ver nele o "herói voador", o ", o "jogador campeão", "goleador". A fé gerou a esperança e o esforço gerou a recompensa. Hoje recebemos o segundo resultado, já havíamos comemorado a primeira aprovação no vestibular de medicina na Unicentro em Guarapuava juntos na festa de Ano novo e agora o resultado da Federal do Paraná. Parabéns, Thales. Deixo aqui um versículo que aprecio e que gostaria que o levasse no coração para esse novo momento de sua vida: 

"Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

# 3 Pensei isso

 Tudo que você já aprendeu em sua vida, mais o libertou ou o aprisionou?

domingo, 15 de dezembro de 2024

Trocando um "por quê? por um "para quê?

Vamos, Marilu! Me ajude, precisamos tirar essas "coisas" aqui do quintal. Não estou conseguindo sozinho.

Essa foi a última frase que ecoou em uma cena que não me causou medo, mas me fez lembrar, ao acordar às 4h15 da manhã, que o sonho tinha mais imagens enigmáticas.

Aquela imagem de uns animais estranhos, com formas variadas, uma espécie que nunca tinha visto em nenhum livro, documentário da National Geographic ou Globo Repórter, incomodou-me naquela noite.

Um sonho com um teor muito diferente do que sonhara durante esses meus 52 anos.

Mas o sonho não ficou só nisso. Nós tirávamos as "coisas" aos punhados. Não tínhamos medo de tocar, de pegar com as mãos, com os braços. Jogávamos para longe, livrando um espaço que seria necessário para algo surpreendente: peixes. Muitos peixes começaram a aparecer. Muitos peixes brotavam da terra, caíam do céu, surgiam do nada. Em vários momentos surpreendi-me com eles nos braços: eram enormes, eram pesados. Não sei ao certo quantos eram, mas proporcionalmente ao espaço — um gramado que me lembrava uma das casas em que já vivi — não havia mais lugar para tantos.

Eles tinham um olhar que não era aquele que vemos nas peixarias, aquele olhar que, apesar de ser sinônimo de peixe fresco, é vazio. Era um olhar de esperança, um olhar de socorro de alguns. Eles vinham aos meus braços, encostavam-se em minhas pernas.

Nesse momento, as "coisas" já não estavam mais lá.

Acordado, tento entender. Algumas passagens bíblicas já me vieram à lembrança: "Então Simão Pedro subiu a bordo e puxou a rede para a terra, cheia de peixes grandes, cento e cinquenta e três; e ao todo eram tantos, mas a rede não se rompeu." (João 21:11) ou talvez os cinco pães e os dois peixinhos... Mas não era uma multiplicação, tampouco uma pescaria. Eles vinham, apareciam, eram atraídos por algo que os tranquilizava. Estar em meus braços parecia algo bom, confortável, seguro.

Hoje é domingo, 15 de dezembro de 2024. No canal Israel com Aline, ainda na mesma semana do sonho, o episódio da manhã tinha como título: "Os peixes sumiram? O que está acontecendo com o Mar Morto?"

O Mar Morto baixa o volume de suas águas de 1 metro a 1 metro e meio por ano e recua, em média, 30 metros. Um fenômeno que coincide com as profecias bíblicas. O curioso é que algumas lagoas estão se formando nessa parte seca, chamadas de "bolaines do Mar Morto". Os bolaines são "buracos" formados pelas condições subterrâneas após a redução do volume de água daquela área. Essas lagoas são de água doce que brotam vidas do aquífero de Jerusalém, e nelas a vida está se concretizando segundo a professia de Ezequiel 47:12. Os peixes já estão surgindo, aparecendo...

Voltando ao meus sonho, minha expectativa é que esses peixes sejam um norte para o que Deus quer de mim. Hoje teremos a revelação da palavra profética para 2025 na igreja que frequento. Creio que teremos confirmação.

Na última ceia, já percebi que, quando pergunto por que Deus faz algo ou nos dá algo, na verdade o que precisamos saber é: "para quê?", e não "por quê?".

Ainda não sei exatamente o que Deus quer me mostrar com tudo isso. Mas sei que Ele está me chamando para algo maior, algo que talvez ainda não compreenda plenamente. Aqueles peixes no sonho não vieram por acaso — eram um sinal de vida, de abundância e de propósito.

Enquanto espero a revelação, fico com uma certeza: Deus não apenas nos dá sonhos, mas também a direção para realizá-los. É a pergunta certa — "Para quê?" — que nos aproxima do que Ele deseja.

Hoje, confio que Ele continuará revelando o próximo passo. Porque, assim como os peixes encontraram meus braços como um refúgio, eu quero estar pronto para ser instrumento de paz e esperança nas mãos do Senhor.

AS DIFERENÇAS NOS PREPARAM PARA VIVER O PROPÓSITO DE DEUS

AS DIFERENÇAS NOS PREPARAM PARA VIVER O PROPÓSITO DE DEUS

Benjamin é um menino muito inteligente. Seus pais congregam há muito tempo em uma igreja, e Benjamin quase nasceu dentro da igreja em um domingo de culto.

Uma manhã, enquanto eles se arrumavam para ir ao culto, Benjamin perguntou:

— Papai, você sabia que o símbolo que representa o autismo é formado por um quebra-cabeça com várias cores? E sabia que tem um novo símbolo que é formado pelas cores do arco-íris? Sabe o que me lembrei? Que quando Deus fez uma aliança com Noé, depois do dilúvio, Ele colocou um arco-íris no céu como sinal dessa aliança.

O pai sorriu e respondeu:

— Você está certo, filho. O arco-íris nos lembra da fidelidade de Deus e de como Ele cuida de todos nós, não importa como somos. Deus prometeu que nunca mais destruiria a terra com um dilúvio, e o arco-íris é o sinal dessa promessa.

Enquanto caminhavam para a igreja, Benjamin continuou pensando. Quando chegaram ao templo, ele ouviu o pastor dizer:

— Deus nos instrui a amar o próximo como a nós mesmos. Isso significa respeitar a singularidade de cada pessoa, pois cada um é único e especial aos olhos Dele.

Benjamin ergueu a mão e perguntou:

— Pastor, se Deus fez cada um à imagem e semelhança Dele, isso quer dizer que as diferenças também fazem parte do plano Dele?

O pastor sorriu e respondeu:

— Exatamente, Benjamin. Deus nos fez diferentes para que possamos aprender uns com os outros. Sua singularidade é um presente de Deus, assim como cada um de nós tem algo especial a oferecer.

Durante o culto, Benjamin se sentiu inspirado. Ele gostava de contar histórias e decidiu compartilhar algo. Com a autorização do pastor, ele subiu ao púlpito e disse:

— Todos nós somos como um quebra-cabeça. Cada peça é diferente, mas todas se encaixam quando trabalhamos juntos. Deus nos colocou aqui para amarmos uns aos outros e cuidarmos uns dos outros. Um dia, pode ser que nossa igreja receba uma família que tenha um filho autista. Sabem o que isso significa? Que precisamos estar prontos para acolher e amar, porque as diferenças tornam nossa família da fé mais bonita.

Os irmãos da igreja bateram palmas, e algumas crianças foram até Benjamin para agradecer por suas palavras. Uma delas disse:

— Eu não sabia que você era tão inteligente, Benjamin. Você sempre sabe muitas coisas legais!

Benjamin sorriu e respondeu:

— Todos nós temos algo especial. E o mais importante é lembrar que Deus nos ama como somos.

Aquele dia marcou a vida da pequena igreja. Benjamin não apenas aprendeu mais sobre o amor de Deus, mas também ensinou os outros a celebrarem as diferenças.

E assim, todos na igreja passaram a olhar para o quebra-cabeça e para o arco-íris como um lembrete do amor de Deus, que une cada peça com perfeição.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

DALTON TREVISAN - OBRIGADO.

 Agora foi a vez do Dalton Trevisan. 99 anos. Vivia recluso em sua residência. 

Lembro-me da época de faculdade, o curso de Letras da Unioeste. Tínhamos um professor de Literatura que via nos contos de Trevisan inúmeras possibilidades para elaborar aulas que provocassem discussões acaloradas. Ele adorava ver-nos brigando para defender ou acusar as personagens apresentadas na visceral literatura do autor. O Vampiro de Curitiba, como ficou conhecido após a publicação da obra de mesmo nome publicada em 1965, permitiu-nos aulas intrigantes e intrigueiras. Hoje os primeiros noticiários do dia informaram o óbito. Diziam que ele vivia recluso e nessa hora duvidei da notícia. Como podem afirmar que um autor de tal grandeza literária e de tantos escritos vivia preso, enclausurado, metido em cela, para quem não busca o significado das palavras com veemencia como eu, aceitaria essa palavra com naturalidade: "recluso". Dalton está muito livre, solto, a transitar por corredores universitários, por entre alunos de ensino fundamental e médio, de mão em mão, de tela em tela. O vampiro voa. 

Quero deixar aqui o primeiro conto lido em minha trajetória. 

Apelo

 Dalton Trevisan

 Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia. Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.



sexta-feira, 29 de novembro de 2024

#2 Pensei isso!

Não pense que aquilo que você faz murmurando, seu filho irá fazer sorrindo.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Fulgencios 1 - Antonia Fulgêncio de Lima

 


Antonia Fulgêncio de Lima nasceu em Araripe-CE no dia 04 de Agosto de 1921. Filha de Jerônimo Fulgêncio de Lima e Raimunda Maria de Amorim; ambos naturais da cidade de Icó-CE. (Foram uma das primeiras famílias que povoaram a vila de Brejo Seco), hoje município de Araripe.

    Antonia, professora Normalista diplomada com Honra ao Mérito no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora em Petrolina-PE. Dedicou todo o seu tempo disponível ao estudo da poesia; crônicas ; vários textos e álbuns, cadernos de pintura e desenhos artísticos; além de ser constante estudiosa das línguas: Portuguesa, Francesa e Italiana (das quais possuía gramáticas, dicionários, vários compêndios e alguns romances, inclusive alguns clássicos em Literatura Portuguesa).

    Concluiu o seu Curso Normal já bem debilitada pela doença e por esse motivo nunca lecionou. Todos os recursos disponíveis naquela época foram utilizados no tratamento; mas em vão. Piorava a cada dia. Faleceu no dia 18 de Janeiro de 1958 com apenas 37 anos de idade. Tuberculosa, mal considerado incurável.

    Antonia era a personificação da bondade; simplicidade e sabedoria. Em seu leito de morte recebeu a extrema-unção e comungou pelas mãos do Padre Baldomiro; o qual comentou ter notado transfiguração em seu semblante e disse para os presentes que estava possuído de uma forte emoção e uma felicidade muito grande em atender esta santa nos momentos finais de sua vida. Ela morreu rezando.


A Sociedade dos Poetas de Araripe – SPA, foi idealizada pelos poetas Francisco Aroldo Lobo de Alencar, Antônio Hélio da Silva e Deusimar Rodrigues de Alencar. Fundada em 29 de Julho de 2006, é uma entidade sem fins lucrativos e tem a finalidade de participar no desenvolvimento e progresso da cultura literária, defender os direitos fundamentais dos poetas, zelar pelos seus interesses e defender o patrimônio cultural de Araripe e do Brasil. É uma associação reconhecida como de utilidade pública pela Lei Municipal N°884/2008. as Sessões Ordinárias acontecem no 2° Sábado de cada mês a partir das 09:00h da manhã. 

    O primeiro cordel publicado pela Sociedade dos Poetas de Araripe foi em 2007, mais dois cordeis foram publicados em 2008 e um em 2009. São seus autores os poetas cordelistas Deusimar Rodrigues, Acácio Silva, Vavá Freire e Antônio Hélio – respectivamente. Em 2008 a Sociedade dos Poetas de Araripe concedeu título de Menção Honrosa ao dentista, escritor, jornalista e cronista Juazeirense Dr. Geraldo Menezes Barbosa e ao poeta, cantor e compositor araripense, Sr. Vilemar Guedes, esta última prestada em Sessão Solene no dia seis de Dezembro de 2008.  A Sociedade dos Poetas de Araripe dispõe de uma biblioteca adquirida através de livros doados por filhos da terra, poetas da Casa e seus amigos, denominada Antonia Fulgêncio de Lima – eleita em Sessão Ordinária. 

    A entidade tem status de Academia e como Patrono das Cadeiras leva o nome do imortal poeta araripense Raimundo Elesbão de Oliveira. Antonio Valentim de Oliveira é o Patrono da Sociedade dos Poetas, ambos eleitos em Sessão Extraordinária para esse fim. Foi conferido Título de Benfeitor da Sociedade dos Poetas a Rádio Araripe FM 104,9 e a professora Ionete Pereira. E conferido Título de Menção Honrosa ao radialista Edvaldo Lima por ceder espaço na rádio para o programa Café com Poesia. No ano de 2009 o Título de Benfeitor da Sociedade dos Poetas foi conferido ao poeta Francisco Aroldo Lobo de Alencar. A Entidade participa da campanha Sua Nota Vale Dinheiro – da SEFAZ-CE, tendo obtido recursos que muito contribuiu com o desenvolvimento da Casa e de seus poetas. 

  Foi, em Fevereiro de 2009, criado o informativo da Sociedade dos Poetas – Jornal Poesia Expressa. Recebeu no dia 15 de Maio de 2010, sob a presidência de Francisco Adriano de Sousa, do Instituto Cultural do Vale Caririense - ICVC a comenda Mª Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau, em reconhecimento a significativa contribuição para o desenvolvimento e a valorização da identidade cultural da região do cariri. Foram seus presidentes os poetas Antonio Hélio da Silva, Deusimar Rodrigues de Alencar, a poetisa Kátia Alves, o Sr. Francisco Adriano de Sousa, tendo sido eleito para um segundo mandato o Sr. Antonio Hélio da Silve, seguido pelo poeta Francisco Adriano de Sousa, novamente.

Sentados: Raimunda e Gerônimo, pais de Antônia.

Um relato de Eliane Fulgencio, sobrina de Antônia, filha do Antônio ( primeiro em pé à esquerda): Legal!...Lembro-me, ainda criança, lá na casa de madrinha Raimunda, como a gente chamava nossa vó paterna, era mostrava os desenhos e as pinturas, de tia Antônia, mas não sei que fim levou esse acervo!...

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Fulgencios

Fulgencio Enéias do Nascimento e Ana Maria da Conceição são os pais de Gerônimo Fulgencio de Lima ( conhecido no Crato como Doutor Fulgencio ou ainda vovô doutor), Gerônimo casou-se com Raimunda Maria de Amorin ( seus pais eram Cassiano José de Morim e Camila Maria da Conceição. Gerônimo e Raimunda são pais de José Fulgencio de Lima que casou-se com Maria Aparecida Vieira de Lima ( seus pais eram Sebastião Vieira e Ângela Fabrim). José e Maria são pais de Jomas Fulgencio de Lima e Sebastião Jonadab Fulgencio de Lima, este casou-se com Luzia Fulgencio de Lima ( seus pais eram José Francisco de Lima e Aurora Maria Meneses de Lima) Sebastião e Luzia são pais de Emerson Fulgencio de Lima, Evandro Fulgencio de Lima e Erick Fulgencio de Lima. Emerson é pai de Guilherme Fossari Fulgencio de Lima e Lorenzo Canete Fulgencio de Lima. 

Segue uma carta enviada pelo vovô douto Fulgencio ao filho José ( que também aqui no sul era conhecido por Jerônimo).






#1 Pensei isso!

 A melhor forma de resolver um problema é não criar outro.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

FELIZ EXISTÊNCIA

Dia dez de dezembro aqui em casa sempre foi uma data de alegria. Durante muitos anos, acordar nesse dia era certeza de um almoço especial. Costela de forno embrulhada no saco de papel, mesa impecável e o bolo feito pela minha mãe para comemorar o aniversário do meu pai. Era mais um ano de vida do Sr. Sebastião Jonadab Fulgêncio de Lima. Seu Tião, Seu Lima, Jonadab (poucas pessoas sabiam e o chamavam por esse nome).

Ele contava sua idade de uma maneira costumeira e engraçada. Era hilário ouvir. Os conhecidos da época do mercadinho, familiares e amigos perguntavam: “Quantos anos, seu Tião/seu Lima?” E ele, mais que depressa, sempre sorrindo, dizia a idade seguida da expressão: “De feliz existência.” Hoje, estaria completando 73 anos. Acredito que ouviríamos ele falando várias vezes: “73 anos de feliz existência”. Como gostaria de ouvir ao menos mais uma vez...

Hoje, data em que lembramos do pai, amanheceu chovendo. Minha programação para o dia, um domingão, foi completamente alterada. Não teve pedalada de manhã, não teve pastel na feira, não teve Blue Park com amigos. Ficamos em casa, almoçamos juntos: minha mãe, Marilu e eu. E algo marcou meu dia 10. Todos os anos, minha mãe enfeita a casa para o Natal. Neste ano, as coisas estavam bem atrasadas por aqui. Resolvi ajudá-la na ornamentação.

Pode parecer simples, mas, ao tirar o presépio da caixa, não pude conter um momento de emoção. Parei, baixei a cabeça e muitas lembranças me vieram. Não sei se você sabe o que é um presépio e o que isso significa. A palavra presépio tem sua origem no latim praesepium – que significa apenas curral, cercado onde se guardam animais. E, no século XIV, tomou conotação religiosa de representação cênica do nascimento de Jesus Cristo numa estrebaria. É inegável que Jesus nasceu. Há controvérsias sobre datas, lugares, cenários sociais. Mas isso não importa.

No livro de Isaías, há uma profecia de que Ele viria como um bebê: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Em Miquéias 5:2, está a profecia de que Jesus nasceria em Belém. Em Mateus 2:4–6, os escribas sabiam que, segundo a profecia, o Messias nasceria em Belém. Jesus nasceu.

Meu dia 10 ainda não terminou. A surpresa foi ainda maior quando, no fundo da caixa dos enfeites de Natal, encontrei mais um presépio. Bem pequeno, em relação ao que estava montando. Mas sua presença neste momento trouxe lembranças gigantescas. O presépio pequeno está em nossa família há 40 anos. Foi um presente de Natal muito diferente que ganhamos de minha avó Aurora. Ela estava comprando presentes para todos os netos, e lembro que minha mãe a acompanhava para ajudar nas compras. O presente que ela escolheu para nós foi uma camisa de time.

Mas, em uma das lojas, havia um presépio. Meu irmão e eu ficamos brincando com os animaizinhos do presépio e, no final das compras, para nossa maior alegria e surpresa, ela nos presenteou com esse "pequenininho". Quantas lembranças... Meus avós, os Natais em família, tios, primos...

Um dos animaizinhos estava quebrado: o camelo. Demorei para encontrar a cabeça que faltava. Colando a cabeça do camelo que estava quebrada, parecia que minha cabeça é que estava em outros lugares...