A vara e o mundo (O pai, a mãe, o professor)
Antigamente, havia uma vara atrás da porta. Não era enfeite, nem ameaça de mentira. Era símbolo de limite — simples, visível, compreendido.
Quando a criança aprontava alguma peraltice, sabia o que a esperava. Ia até o canto, pegava a vara com as próprias mãos e entregava à mãe. Não corria. Chorava, é verdade, mas entendia.
Era a dor curta que ensinava a lição longa.
O pai não gritava, não precisava. Bastava um olhar. Autoridade não era violência — era presença. Era o saber que o “não” significava “não” e o “agora” significava “agora”.
E, curiosamente, havia respeito. E amor. Amor daqueles que não temem, mas reconhecem a importância do limite.
Mas os tempos mudaram.
A vara foi escondida, depois esquecida, e por fim condenada.
Os pais deixaram de corrigir, não por medo de machucar, mas por preguiça de ensinar.
Trocaram a disciplina pela desculpa, o exemplo pelo discurso.
E assim, aos poucos, perderam a autoridade — não porque deixaram de bater, mas porque deixaram de educar.
As malcriações, antes contidas na sala de casa, migraram para as salas de aula.
Lá, professores viraram reféns de olhares desafiadores e celulares em punho.
A escola, que antes moldava caráter, agora tenta apenas sobreviver ao recreio.
E o tempo continuou.
Aquelas crianças cresceram.
Saíram das escolas e foram para as ruas, onde os limites já não existiam.
Hoje, vemos vídeos de pessoas sendo abordadas por policiais e… correndo.
Fugindo da lei, da ordem, da responsabilidade — talvez até da vara que nunca conheceram.
O mundo parece cheio de adultos que nunca foram corrigidos.
De meninos que envelheceram sem aprender a ouvir “não”.
De meninas que confundem liberdade com ausência de regras.
E assim seguimos: uma sociedade que repele a vara, mas abraça o caos.
Porque, no fundo, a falta que faz não é da dor — é da lição.
Dia do professor é todo dia.
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