sexta-feira, 1 de agosto de 2025

1.º de agosto: dia do carrulim, bebida típica do Paraguai

 "O Gole Sagrado do Dia 1º"

Todo ano, no primeiro dia de agosto, seu Modesto acordava com a mesma missão: tomar um gole de Carrulim antes do sol nascer, com a cara ainda amassada e o estômago roncando de susto. Era tradição — e, segundo ele, mais eficaz que vacina contra raiva, mau-olhado e sogra fofoqueira.

— Tem que tomar em jejum! — avisava ele, apontando o dedo como se fosse um padre dando sermão. — Se comer antes, já era. O cachorro louco te pega!

Dona Estefânia, sua esposa, já nem discutia mais. Toda vez que o via preparar a tal bebida — que parecia uma mistura de ervas, álcool e coragem líquida — ela apenas rezava para que o banheiro estivesse livre o dia inteiro.

Modesto abria o armário com toda a pompa, retirava a garrafa de Carrulim como se fosse um troféu olímpico e enchia o copinho de vidro com o líquido escuro que cheirava a botica, igreja e mato molhado ao mesmo tempo.

— Vai um gole, compadre? — ofereceu ao vizinho Paulinho, que havia ido só pedir açúcar emprestado.

— Deus me livre! — respondeu Paulinho, recuando dois passos e tropeçando no cachorro da casa, que saiu latindo como um condenado.

— Tá vendo?! Já tem bicho bravo rondando! — gritou Modesto, virando o gole com os olhos fechados, como quem mergulha de cabeça numa piscina de álcool.

A cada engolida, Modesto tossia, se contorcia e fazia careta de quem tinha visto o capeta, mas no final, soltava a famosa frase:

— Pronto! Agora tô imune até ao ex da minha filha!

Na vila, diziam que quem não tomava Carrulim no dia 1º tinha grandes chances de ficar doente, esquecer o CPF ou até encontrar o cachorro louco em forma de boleto atrasado. E Modesto, é claro, se considerava o mais protegido de todos.

No fundo, ninguém sabia exatamente o que tinha dentro da Carrulim. Uns diziam que era segredo indígena, outros que era receita da avó do diabo. Mas uma coisa era certa: depois de um gole, o dia ficava mais leve, e o cachorro louco... bem, esse nem passava na calçada. 

(autor desconhecido - dizem que vive em Foz do Iguaçu-PR  kkkk)

Um comentário:

Anônimo disse...

ETA gole bão. Será que tem sem álcool?