Era uma vez uma menina chamada Amora, que tinha esse nome porque, desde pequena, sua risada lembrava o doce das amoras maduras. Amora morava em uma casa cheia de crianças, cores e brinquedos compartilhados. Lá, todos esperavam um dia encontrar uma família.
Amora gostava de desenhar corações.
Desenhava corações vermelhos, azuis, verdes, dourados…
Dizia que cada coração tinha um sonho diferente.
Mas o coração que ela mais desenhava era o “coração que escolhe” — um coração grande, brilhante, que encontrava outro coração só seu.
Um dia, enquanto Amora pintava mais um de seus corações na varanda, chegou um casal: Dona Lídia e Seu Pedro. Eles caminhavam devagar, observando cada criança com muito carinho. Amora continuou desenhando, tímida, mas com esperança piscando nos olhos.
— Que coração bonito é esse? — perguntou Dona Lídia, encantada.
— É o coração que escolhe — respondeu Amora. — Ele sempre encontra alguém que combina com ele.
Dona Lídia e Seu Pedro se entreolharam.
Seu Pedro sorriu devagar.
— E você acha que o seu já encontrou alguém? — perguntou ele.
Amora pensou por um instante. Depois, colocou o lápis no chão, respirou fundo e disse:
— Eu acho que… talvez… hoje ele esteja escolhendo.
Dona Lídia se ajoelhou ao lado dela.
— Sabia que o nosso coração também estava procurando alguém? — disse, com a voz macia. — Procurando alguém exatamente como você.
O coração de Amora pulou dentro do peito. Era como se todas as amoras doces do mundo tivessem estourado de alegria ali dentro.
Naquele dia, Amora empacotou seus desenhos, abraçou todos os amigos e saiu segurando a mão de sua nova família. Na porta, ela olhou para trás e viu o sol brilhando diferente, como se estivesse sorrindo para ela.
Na nova casa, Amora ganhou um quarto todo decorado com seus desenhos de coração. E, no centro da parede principal, ela colocou o maior de todos: o coração que escolhe.
— Por que esse aqui fica no meio? — perguntou Seu Pedro.
Amora sorriu.
— Porque foi ele que nos encontrou.
E, desde então, sempre que alguém perguntava a história dela, Amora dizia com orgulho:
— Eu sou a menina que foi escolhida pelo coração.
E sua risada doce continuava enchendo a casa de alegria, igualzinha ao sabor das amoras maduras no pé.
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