Aos meus alunos de Filosofia, costumo lançar, logo de início, a seguinte questão: "O que significa a verdade para cada um de vocês?". Há contestação e consternação: como assim, professor? Como vou falar o que é a verdade? Pois bem, no debate verbal, a maioria quase entra em consenso quando sugere que não há uma verdade, que as verdades são relativas e pertencem a diferentes modos de pensar o mundo, as coisas e as pessoas. A opinião muda, paradoxalmente, quando peço para escreverem no papel o que pensam sobre o que é a verdade. Talvez sem perceberem ou sem a constante lucidez, trazem para si a verdade sobre tudo. A maioria, contrariamente à versão oral, afirma que a verdade é a sua verdade absoluta naquilo que acreditam. Não está errado a certo modo, pois a verdade, em si, talvez não exista e reflita o microuniverso de cada um, de cada ser. A verdade, assim, seria relativa e mutável, seguindo o fluxo e a evolução de todas as coisas. Ao eliminarmos a verdade como algo concreto e perene, desmistificamos dogmas, crenças e passamos a compreender que nada permanece como certo ou errado, nada é para sempre, nem se apresenta com rigidez bruta e inflexível. Sem a verdade ou as verdades lineares, extirpamos os julgamentos ou qualquer premissa de controle e imposições por algo ou por alguém. Verdade, seja dita: não existe a verdade, mas o conhecimento relativo até o ponto em que transcendemos com mais e mais conhecimento.
Pedro Lichtnow é Consultor de Comunicação e Imagem Institucional, Analista de Marketing e Professor de Filosofia.
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