Amigos, internautas, seguidores do blog, tenho um encanto especial pelas mídias sociais, acho que isso não é novidade para ninguém. Ontem mais uma situação me deixou ainda mais apaixonado pela aproximação que a internet tem nos proporcionado. A Izzi, o Toni e o Lorenzo moravam aqui em Foz, sabia da existência deles, mas jamais havíamos conversado ou trocado qualquer ideia. Dia desses tomei conhecimento a respeito do projeto que estão realizando, fantástico, uma ação maravilhosa, mas o curioso é que, eu ainda na cama, no domingo de manhã, recebo uma mensagem dela me convidando para participar do projeto contribuindo com o valor de R$ 10,00 ou mais. Começamos a conversar, trocar mensagens é claro, e foi mais que uma entrevista que acabei fazendo com a Izzi. O projeto é encantador. Eles hoje vivem no continente africano, mais precisamente em Maputo, capital de Moçambique. Como já escrevi, conversamos muito. Ela me mandou um texto sobre o projeto e o link para quem quiser contribuir :
UMA HISTÓRIA NA HISTÓRIA
É possível escrever sem ser
alfabetizado?
Sim! Uma história é sempre
uma história, mesmo enquanto ela ainda está na cabeça, ainda está
em “gestação”! Uma história na cabeça é como um sonho que
ainda não virou realidade. O pequeno Lorenzo Gomes Scharlau Vieira,
6 anos, está correndo atrás de transformar seu sonho/história em
realidade. Ele não sabe escrever ainda, mas junto com a mãe, Izzy
Gomes, criou uma história. Agora eles querem publicá-la e
presentear crianças de Maputo, capital de Moçambique, no continente
africano.
O projeto está associado ao
trabalho da mãe e do pai, professores, ele da Universidade Federal
do Paraná e ela da Universidade Eduardo Mondlane. Os dois
desenvolvem uma pesquisa na área de Educomunicação a partir de um
convênio que envolve alunos e professores das Universidades. A
pesquisa se dá junto a escolas públicas de Maputo.
Lorenzo, desde muito pequeno
convive com histórias contadas, lidas e encenadas. Seu universo está
povoado de personagens, a maioria deles é desconhecida do grande
público. Nada de cinderelas, Mickey ou Shrek, o barato dele são os
personagens simples e pouco divulgados, mas nem por isso menos mágico
que os famosos da Disney ou outras corporações midiáticas.
Assim, em função de suas
ancestralidades africanas, ficou muito a vontade com personagens como
Kirikou e passou a se entusiasmar com o potencial de histórias do
imaginário imemorial de África. Isso ficou mais forte quando passou
a residir em Maputo, ficando bem próximo de animais e de paisagens
que antes só conhecia por fotos ou ilustrações.
Quando saiu do Brasil seus
antigos colegas de escola disseram: “Lorenzo vai para a África,
vai viver aventuras!” Ele sempre acreditou nessa ideia e acabou
vivendo aventuras de verdade e, depois, passou a construir aventuras
a partir de histórias que inventava junto com a mãe.
Assim nasceu a história da
Maria Café. Ele observou, primeiro com certa reserva, uma espécie
de miriápode marrom escuro que não tem similar no Brasil chamado
popularmente de “Maria Café”. Quando chegava da escola contava
muitas histórias sobre a centopeia.
Da oralidade para escrita.
Sim, foi tudo muito rápido e, com o auxílio da mãe, Lorenzo
colocou no papel o que chamou de “A história da Maria Café”. A
história escrita e parcialmente desenhada foi deixada de lado por um
tempo. O retorno da Maria Café acontece quando Lorenzo e os pais
começam a ter mais contato com alunos de uma escola pública de
Maputo. Lá todos perceberam que as poucas histórias conhecidas
pelos pequenos eram muito diferente do cotidiano deles. Os
personagens relatados eram princesas e heróis que não tinham nada a
ver com a vida deles, tampouco com o lugar onde eles moram.
Ao mesmo tempo víamos a
realidade em que vivem essas crianças. Escola mal conservada, pouco
investimento em inovação, dificuldades no transporte, enfim, é uma
vida que não deixa espaço para o lúdico ou para soltar a
imaginação através de contos e lendas. Como eles então podem
construir uma moçambicanidade? Como podem construir o imaginário
local?
Então pensamos na nossa
contribuição, afinal estamos em Moçambique, estamos em Maputo e
encontramos essas crianças todas as semanas. A história estava
pronta, parcialmente ilustrada, mas como imprimir, como arcar com os
custos? O crowdfunding surgiu então como uma possibilidade de
estimular a criatividade, o imaginário da criança moçambicana.
Agora que a campanha está em
andamento fica mais fácil perceber que o sonho pode se concretizar,
aliás, quando existe um sonho já há uma energia boa! Lorenzo e nós
(mãe e pai), só queremos que a partir desse sonho essas crianças
possam sonhar muitos outros, resgatando suas raízes e dialogando com
a sua ancestralidade.